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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Linguagem, escrita e poder


Toda linguagem é ideológica e além de somente  transmitir informações para outros, está a serviço do poder. Sendo a gramática a parte da língua responsável pela grafia correta das palavras que busca ditar, ou prescrever, as regras gramaticais de uma língua, posicionando as suas prescrições como a única forma correta de realização da língua, categorizando as outras formas possíveis como erradas. 

A ortografia é estabelecida através de um ato institucional do governo, uma convenção que está sujeita às interpretações dos fenômenos linguísticos por uma comissão escolhida de filólogos, a forma correta de escrever as palavras. Dominar ou não estas regras arbitrárias não pode ser indicativo de competência lingüística, ainda mais considerando que essas regras mudam de tempos em tempos. Essa grafia baseia-se no padrão culto da língua assim o poder ideológico da escrita, a tradição gramatical como portadores e perpetuadores legítimos da tradição cultural e da identidade nacional e a partir daí impõe-se para criar um conformismo lingüístico nacional unitário.

 É necessário que se compreenda que  a gramática escrita como produto elaborado tem a função de ser uma norma imposta sobre a diversidade, porém as pessoas não podem ser discriminadas com base nas capacidades lingüísticas nem medidas por meio da gramática normativa e da língua padrão. 


GNERRE, Maurizzio. Linguagem, escrita e poder. 2ªed. São Paulo: Martins  Fontes, 1987.

Micaela Souza Dos Santos

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